なんとも面倒ですな。
Cidadãos alemães comem salsichões: o difícil plural de ‘ão’
“Gostaria de saber se as oscilações ãos/ães/ões podem ser usadas para a palavra ‘cidadão’. Seria correto falar ‘cidadãos’, ‘cidadões’, ‘cidadães’? Obrigado.” (Silvano Oliveira)
O capítulo da formação de plurais de substantivos terminados em -ão é enrolado, como veremos abaixo, mas quanto à palavra “cidadão” não cabe dúvida: o plural é sempre “cidadãos”, e qualquer outra forma será considerada um simples erro.
Pelo menos, assim é no português moderno. O excelente Said Ali registra, em sua “Gramática Histórica da Língua Portuguesa”, inúmeros casos de oscilação em plurais que hoje estão fixados acima de qualquer dúvida. Entre eles, encontramos a forma cidadães sendo usada ainda no século XVI.
Mas falemos de hoje. Segundo as listas preparadas a quatro mãos por Celso Cunha e Lindley Cintra em sua “Nova Gramática do Português Contemporâneo”, que pautam os parágrafos abaixo, “cidadão” ocupa um grupo especial de vocábulos terminados em -ão aos quais basta acrescentar um s para flexionar o número.
Nesse time de plurais em -ãos estão ainda “irmãos”, “cristãos”, “mãos”, “grãos” e poucas outras palavras, entre elas todas as paroxítonas: “bênçãos”, “órfãos”, “sótãos” etc.
Um número ainda menor de substantivos terminados em -ão tem o plural em -ães: “alemães”, “cães”, “pães”, “capitães” etc.
A imensa maioria, como se sabe, submete-se à regra geral do plural em ões: “corações”, “botões”, “canções”, “eleições”, “tubarões”, “facões”, “sabichões” etc.
As oscilações que são encontradas até hoje entre duas ou mesmo três formas de plural restringem-se a poucas palavras. As de uso mais corrente, com flutuação entre duas formas, são as seguintes, de acordo com Cunha e Cintra:
anão: anãos, anões
corrimão: corrimãos, corrimões
refrão: refrães, refrãos
verão: verãos, verões
vilão: vilãos, vilões.
As que admitem todos os três tipos de plural são ainda menos numerosas, e entre elas as mais usadas são “aldeão”, “ancião”, “ermitão” e “sultão”.
Nos casos de flutuação, tanto Said Ali quanto Cunha e Cintra apontam a tendência histórica de dar preferência cada vez maior, na linguagem corrente, à terminação em -ões, o que acarreta uma redução progressiva no número de exceções à regra geral. No entanto, os plurais que já se fixaram em ãos ou ães não são (ainda?) afetados por tal tendência.
(Veja誌より)
Cidadãos alemães comem salsichões: o difícil plural de ‘ão’
“Gostaria de saber se as oscilações ãos/ães/ões podem ser usadas para a palavra ‘cidadão’. Seria correto falar ‘cidadãos’, ‘cidadões’, ‘cidadães’? Obrigado.” (Silvano Oliveira)
O capítulo da formação de plurais de substantivos terminados em -ão é enrolado, como veremos abaixo, mas quanto à palavra “cidadão” não cabe dúvida: o plural é sempre “cidadãos”, e qualquer outra forma será considerada um simples erro.
Pelo menos, assim é no português moderno. O excelente Said Ali registra, em sua “Gramática Histórica da Língua Portuguesa”, inúmeros casos de oscilação em plurais que hoje estão fixados acima de qualquer dúvida. Entre eles, encontramos a forma cidadães sendo usada ainda no século XVI.
Mas falemos de hoje. Segundo as listas preparadas a quatro mãos por Celso Cunha e Lindley Cintra em sua “Nova Gramática do Português Contemporâneo”, que pautam os parágrafos abaixo, “cidadão” ocupa um grupo especial de vocábulos terminados em -ão aos quais basta acrescentar um s para flexionar o número.
Nesse time de plurais em -ãos estão ainda “irmãos”, “cristãos”, “mãos”, “grãos” e poucas outras palavras, entre elas todas as paroxítonas: “bênçãos”, “órfãos”, “sótãos” etc.
Um número ainda menor de substantivos terminados em -ão tem o plural em -ães: “alemães”, “cães”, “pães”, “capitães” etc.
A imensa maioria, como se sabe, submete-se à regra geral do plural em ões: “corações”, “botões”, “canções”, “eleições”, “tubarões”, “facões”, “sabichões” etc.
As oscilações que são encontradas até hoje entre duas ou mesmo três formas de plural restringem-se a poucas palavras. As de uso mais corrente, com flutuação entre duas formas, são as seguintes, de acordo com Cunha e Cintra:
anão: anãos, anões
corrimão: corrimãos, corrimões
refrão: refrães, refrãos
verão: verãos, verões
vilão: vilãos, vilões.
As que admitem todos os três tipos de plural são ainda menos numerosas, e entre elas as mais usadas são “aldeão”, “ancião”, “ermitão” e “sultão”.
Nos casos de flutuação, tanto Said Ali quanto Cunha e Cintra apontam a tendência histórica de dar preferência cada vez maior, na linguagem corrente, à terminação em -ões, o que acarreta uma redução progressiva no número de exceções à regra geral. No entanto, os plurais que já se fixaram em ãos ou ães não são (ainda?) afetados por tal tendência.
(Veja誌より)